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Projetos que participaram do programa de aceleração da Rede Oásis se encontraram na Reserva Natural Salto Morato para o encerramento do ciclo.

O projeto Conexão Mata Atlântica do estado do Rio de Janeiro participou, entre os dias 21 e 23 de novembro, na Reserva Natural Salto Morato, localizada em Guaraqueçaba, no litoral norte do Paraná, do encerramento do programa piloto de aceleração da Rede Oásis, inciativa da Fundação Grupo Boticário para impulsionamento de iniciativas que atuam por meio do mecanismo de Pagamentos por Serviço Ambientais (PSA).

Na ocasião, também foi realizado o encontro anual da Rede Oásis, o qual reuniu representantes de diversos projetos de PSA do Brasil.

O Conexão Mata Atlântica (RJ) foi um dos projetos selecionados entre diversas iniciativas de PSA em todo o país para participar do programa Aceleração Oásis. Todo o ciclo de aceleração, que começou em julho deste ano, apresentou uma ampla visão estratégica sobre o tema, além de fortalecer conceitos e práticas comuns aos nove projetos de PSA participantes do ciclo. O programa trabalhou diferentes níveis de implementação de projetos com esse perfil a partir da realização de atividades práticas adaptadas a cada iniciativa, de forma a incentivar a evolução executiva e sustentabilidade. 

Como parte do programa, os projetos também participaram de eventos técnicos e científicos que contribuíram para ampliar os conhecimentos e capacidades para o desenvolvimento das iniciativas. Destaque para o Fórum Brasileiro de Finanças Sociais e Negócios de Impacto (Jun/2018) e o IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (Out/2018), eventos que abordaram o potencial para alavancar oportunidades e recursos para resolução de desafios econômicos e sociais, com atenção especial para os impactos positivos que podem ser gerados por essas iniciativas.

O ciclo de aceleração de projetos foi acompanhado pela coordenadora geral do projeto Conexão Mata Atlântica no estado do Rio de Janeiro, Marie Ikemoto (Inea), e pelo coordenador executivo, Gilberto Pereira (Finatec).

Segundo Gilberto, o perfil da atuação ambiental e também dos projetos de PSA no Brasil vem passando por uma rápida evolução ao longo dos anos e apresentam uma visão empreendedora e promissora no contexto do meio rural. “Novas abordagens e experiências dos atores ambientais estão ampliando a percepção social dos projetos de PSA, além de colaborarem para o aumento de sua relevância nos contextos locais. A visão de produção diversificada, de empreendedorismo e de valorização do capital social e ambiental das propriedades rurais beneficiadas vem desta soma de experiências, o que nos mostra claramente a necessidade de viabilidade para os ecossistemas rurais. Para garantirmos a conservação e recuperação é preciso trabalhar a viabilidade do agroecossistema como um todo”, afirma.

Para Gilberto, a participação do Conexão Mata Atlântica no programa de Aceleração Oásis foi uma excelente oportunidade para ampliar a visão sobre negócios de impacto socioambiental e otimizar a estruturação do projeto. “Debatemos mais a fundo as estratégias do projeto, o que nos ajudou a traçar um planejamento inicial para buscarmos maior apoio aos negócios rurais e ambientais, assim como iniciamos o trabalho de construção de uma sustentabilidade a longo prazo para o projeto Conexão Mata Atlântica no estado do Rio, que conta com excelentes atores e parceiros, todos com significativas experiências nos contextos rurais e ambientais, um diferencial frente aos desafios rurais”.

Metodologias e ferramentas

Segundo o analista em soluções baseadas na natureza da Fundação Grupo Boticário, Thiago Valente, o ciclo foi muito positivo e aplicou ferramentas que contribuíram para estruturação dos projetos, como a Teoria da Mudança, usada para identificar impactos sociais, e o mapeamento de atores para estimular o engajamento e construir uma governança sólida.

“Quando entramos nos aspectos econômicos e financeiros, utilizamos o ‘Modelo C’, metodologia desenvolvida por nós, em parceria com Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), Sense-Lab e a Move Social, que une a Teoria da Mudança com o Modelo Canvas (Business Model) para geração de impacto social e ambiental positivo atrelado a um modelo de negócio com sustentabilidade financeira. As discussões sobre os marcos legais, tema sobre o qual os projetos já estavam bastante avançados, também foi uma experiência muito rica”.

Todos os projetos, em diferentes níveis de implementação, desenharam um plano de ação a partir de um diagnóstico inicial realizado pelo programa, que também previu algumas metas que foram avaliadas ao longo do processo. “A ideia é que a cada ano esse ciclo de aceleração busque inovações nos processos e metodologias, formando uma grande plataforma que possa conectar projetos com investidores e atores intermediários que atuem com soluções baseadas na natureza (SBN), temática mais ampla da Rede Oásis a partir de 2019”.

A partir desse primeiro ciclo, explica Thiago, o programa pretende atender entre 10 e 15 iniciativas em laboratórios de inovação, com ciclos de seis ou sete meses de aceleração. “Queremos colocar essas iniciativas para pensarem sistematicamente, de maneira integrada e compartilhada em soluções comuns para implementação de projetos dessa natureza, que conversem com soluções baseadas da natureza, resiliência, adaptação às mudanças do clima e de segurança hídrica, que é o grande mote da Rede Oásis a partir de agora”.

O projeto Conexão Mata Atlântica, segundo Thiago, teve uma performance excelente durante o programa de aceleração. “O projeto estava em um grau de maturidade bastante avançado, mesmo assim a equipe se mostrou muito disposta e a experiência compartilhada ajudou a munir a rede com soluções, sendo visto pelas outras iniciativas de PSA como uma experiência bem sucedida. Ainda assim se propôs a remodelar o plano de negócios na perspectiva da sustentabilidade financeira do projeto”.

Sobre a Rede Oásis - O programa de aceleração da Fundação Grupo Boticário foi estruturado em parceria com o Sense-lab (SP) e propõe fortalecer iniciativas a partir dos níveis de implementação associados à quatro dimensões durante quatro meses de atividades com ações em rede, apoio de mentorias, capacitação à distância e rodadas de apresentações (pitchs).

Criada em 2006, a iniciativa Oásis foi uma das primeiras iniciativas de PSA ligadas à biodiversidade e à água no Brasil. A rede contribui para que mecanismos de PSA sejam melhor compreendidos e aplicados e, principalmente, para incentivar o investimento em iniciativas mais amplas, como estratégias de gestão territorial inteligente, para garantir e aumentar a resiliência da sociedade frente as mudanças no clima e alterações no uso do solo.

Após 12 anos de atuação, a iniciativa se expandiu em escala nacional, tornando-se a primeira rede de impacto e aceleradora de projetos com foco em Soluções Baseadas na Natureza (SBN), utilizando o PSA como forte indutor no processo.

Assista ao vídeo sobre o Programa de Aceleração da Rede Oásis: