O ciclo de aceleração de projetos foi acompanhado pela coordenadora geral do projeto Conexão Mata Atlântica no estado do Rio de Janeiro, Marie Ikemoto (Inea), e pelo coordenador executivo, Gilberto Pereira (Finatec).
Segundo Gilberto, o perfil da atuação ambiental e também dos projetos de PSA no Brasil vem passando por uma rápida evolução ao longo dos anos e apresentam uma visão empreendedora e promissora no contexto do meio rural. “Novas abordagens e experiências dos atores ambientais estão ampliando a percepção social dos projetos de PSA, além de colaborarem para o aumento de sua relevância nos contextos locais. A visão de produção diversificada, de empreendedorismo e de valorização do capital social e ambiental das propriedades rurais beneficiadas vem desta soma de experiências, o que nos mostra claramente a necessidade de viabilidade para os ecossistemas rurais. Para garantirmos a conservação e recuperação é preciso trabalhar a viabilidade do agroecossistema como um todo”, afirma.
Para Gilberto, a participação do Conexão Mata Atlântica no programa de Aceleração Oásis foi uma excelente oportunidade para ampliar a visão sobre negócios de impacto socioambiental e otimizar a estruturação do projeto. “Debatemos mais a fundo as estratégias do projeto, o que nos ajudou a traçar um planejamento inicial para buscarmos maior apoio aos negócios rurais e ambientais, assim como iniciamos o trabalho de construção de uma sustentabilidade a longo prazo para o projeto Conexão Mata Atlântica no estado do Rio, que conta com excelentes atores e parceiros, todos com significativas experiências nos contextos rurais e ambientais, um diferencial frente aos desafios rurais”.
Metodologias e ferramentas
Segundo o analista em soluções baseadas na natureza da Fundação Grupo Boticário, Thiago Valente, o ciclo foi muito positivo e aplicou ferramentas que contribuíram para estruturação dos projetos, como a Teoria da Mudança, usada para identificar impactos sociais, e o mapeamento de atores para estimular o engajamento e construir uma governança sólida.
“Quando entramos nos aspectos econômicos e financeiros, utilizamos o ‘Modelo C’, metodologia desenvolvida por nós, em parceria com Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), Sense-Lab e a Move Social, que une a Teoria da Mudança com o Modelo Canvas (Business Model) para geração de impacto social e ambiental positivo atrelado a um modelo de negócio com sustentabilidade financeira. As discussões sobre os marcos legais, tema sobre o qual os projetos já estavam bastante avançados, também foi uma experiência muito rica”.
Todos os projetos, em diferentes níveis de implementação, desenharam um plano de ação a partir de um diagnóstico inicial realizado pelo programa, que também previu algumas metas que foram avaliadas ao longo do processo. “A ideia é que a cada ano esse ciclo de aceleração busque inovações nos processos e metodologias, formando uma grande plataforma que possa conectar projetos com investidores e atores intermediários que atuem com soluções baseadas na natureza (SBN), temática mais ampla da Rede Oásis a partir de 2019”.
A partir desse primeiro ciclo, explica Thiago, o programa pretende atender entre 10 e 15 iniciativas em laboratórios de inovação, com ciclos de seis ou sete meses de aceleração. “Queremos colocar essas iniciativas para pensarem sistematicamente, de maneira integrada e compartilhada em soluções comuns para implementação de projetos dessa natureza, que conversem com soluções baseadas da natureza, resiliência, adaptação às mudanças do clima e de segurança hídrica, que é o grande mote da Rede Oásis a partir de agora”.
O projeto Conexão Mata Atlântica, segundo Thiago, teve uma performance excelente durante o programa de aceleração. “O projeto estava em um grau de maturidade bastante avançado, mesmo assim a equipe se mostrou muito disposta e a experiência compartilhada ajudou a munir a rede com soluções, sendo visto pelas outras iniciativas de PSA como uma experiência bem sucedida. Ainda assim se propôs a remodelar o plano de negócios na perspectiva da sustentabilidade financeira do projeto”.
Sobre a Rede Oásis - O programa de aceleração da Fundação Grupo Boticário foi estruturado em parceria com o Sense-lab (SP) e propõe fortalecer iniciativas a partir dos níveis de implementação associados à quatro dimensões durante quatro meses de atividades com ações em rede, apoio de mentorias, capacitação à distância e rodadas de apresentações (pitchs).
Criada em 2006, a iniciativa Oásis foi uma das primeiras iniciativas de PSA ligadas à biodiversidade e à água no Brasil. A rede contribui para que mecanismos de PSA sejam melhor compreendidos e aplicados e, principalmente, para incentivar o investimento em iniciativas mais amplas, como estratégias de gestão territorial inteligente, para garantir e aumentar a resiliência da sociedade frente as mudanças no clima e alterações no uso do solo.
Após 12 anos de atuação, a iniciativa se expandiu em escala nacional, tornando-se a primeira rede de impacto e aceleradora de projetos com foco em Soluções Baseadas na Natureza (SBN), utilizando o PSA como forte indutor no processo.
Assista ao vídeo sobre o Programa de Aceleração da Rede Oásis: