Na tarde do dia 11 de agosto, o Projeto
Conexão Mata Atlântica promoveu o webinar “O que é estoque de carbono?”, com a
participação do analista ambiental do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e
coordenador do Conexão Mata Atlântica em MG, Marcelo Araki, e do técnico da The
Nature Conservancy Brasil (TNC), Leonardo Ivo. O webinar apresentou uma rica
troca de experiências com informações para quem quer entender como pode se
beneficiar com ações ligadas ao tema e foi transmitido pelo Canal
Youtube IEFMata.
Marcelo Araki, no início do webinar, explicou que o Projeto Conexão Mata
Atlântica visa ao aumento de estoque de carbono na bacia do rio Paraíba do Sul,
que é muito importante para os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro. E, para essa questão, não importam muito os tipos de espécies - se
exóticas ou nativas - com que são feitos os replantios para recuperar áreas
degradadas. “Para o produtor, é muito interessante, porque ele não tem mais a
sensação de estar perdendo aquela área. Ao mesmo tempo em que ele faz a
restauração ambiental, ele tem um ganho econômico, ele consegue tirar dali
frutas, sementes e madeira, caso faça um plantio consorciado de eucaliptos”,
explicou.
“Muitas vezes as pessoas que moram em cidades grandes acham que o
estoque de carbono não influencia, mas muito pelo contrário: o efeito estufa
descontrolado pelo desequilíbrio de carbono que encontra-se na atmosfera torna
o clima mais quente e esse é um grande problema, que pode trazer uma
desertificação muito grande para os continentes. O que não costumamos levar em
consideração é que tudo o que consumimos de bens – seja um carro, um celular ou
um alimento – gera carbono pelos processos que os produtos têm na indústria e
nos deslocamentos, utilizando combustíveis fósseis em sua produção e/ou em seu
transporte”, completou Araki.
Leonardo Ivo falou que o TNC trabalha principalmente em duas dimensões, a
primeira delas a de empoderar a administração municipal com apoio das
prefeituras locais via conhecimento e práticas para melhorar as condições
ambientais dos municípios. E nisso o carbono é o instrumento que possibilita a
água limpa e potável na propriedade rural. A segunda dimensão é a
operacionalização para a boa aplicação dos fundos e do ICMS Ecológico. “Em uma
ponta existe o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) que tem como instrumento
econômico o carbono, e buscamos sempre trazer benefícios ao produtor rural por
meio do PSA. Se ele presta um serviço que extrapola o benefício de sua
propriedade – para uma comunidade ou seu município como um todo –, é justo que
ele receba recursos por esse trabalho”, informou o técnico.
“As emissões de carbono no mundo aumentaram em 20% nos últimos dez anos.
Temos hoje um total de 36 milhões de toneladas de carbono emitidas no planeta”,
alertou. “Algumas das grandes empresas, que têm ações nas bolsas e foram
cobradas quanto às suas emissões, precisaram tomar providências no sentido de
produzir relatórios de emissão de carbono e apresentar medidas para diminuí-las.
Muitas vezes elas recorrem ao mercado e a quem pode sequestrar carbono para que
possam fazer essa compensação e neutralizar parte de suas emissões. Desse modo,
o produtor rural que queira fazer sua adequação ambiental pode, por meio do
instrumento econômico do carbono, conduzir uma regeneração em suas propriedades
e áreas adjacentes”, completou o técnico da TNC.
Marcelo Akaki lembrou que o papel dos técnicos com os produtores rurais
é fundamental. “Quando estamos no meio do processo e os produtores ao redor
veem as coisas funcionando, e que aquilo é um benefício muito grande, a procura
aumenta bastante. Se o proprietário não se sentir engajado e não abraçar a
causa, é uma diferença enorme do que podemos ter de sucesso e insucesso no
projeto”, apontou Akaki.
“E o produtor entusiasmado é um aliado nosso, porque ele é capaz de
convencer outros produtores mais do que nós mesmos”, completou Leonardo Ivo.
O webinar completo pode ser assistido por meio do link: https://youtu.be/z1wQXj-HkeE