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Transformar o próprio pedaço de terra é o sonho de todo agricultor. Muitos não sabem por onde começar; outros, têm muito claro o caminho a seguir, porém não possuem os recursos econômicos para investir no projeto. O aporte de recursos financeiros, portanto, pode fazer a diferença entre planos e realidade.

Essa é a história que contam muitos dos produtores participantes do Projeto Conexão Mata Atlântica, entre eles a Maria Cristina Machado Freire. Ela conta que sonhava em implantar o sistema agroflorestal no Sítio Jatobá, localizado no estado de São Paulo. “Já queríamos há tempos e havíamos até tentando, mas na época não conseguimos”, diz ela. “O projeto viabilizou os nossos planos ao oferecer assessoria técnica competente e a possibilidade de adquirir alguns maquinários”.

Marcelo Martins Ribeiro, coordenador técnico da Associação Biodinâmica, executora do projeto no território de São Luiz de Paraitinga e Natividade, explica que os produtores participantes nunca haviam recebido recursos diretos. Em geral, os projetos repassam recursos para as entidades, que fornecem então apoio técnico aos agricultores. Receber benefícios financeiros diretos, segundo ele, faz toda a diferença ao propiciar a compra de insumos, equipamentos etc.

“O projeto está mudando a realidade de muita gente. É uma novidade muito grande para os produtores e tem ajudado bastante no desenvolvimento das propriedades e, principalmente na implantação de práticas sustentáveis, compatíveis com a localização, no entorno do Núcleo Santa Virgínia do Parque Estadual da Serra do Mar”, conta o coordenador.

Várias propriedades beneficiadas estão caminhando para um sistema produtivo bem mais ecológico e de acordo com a realidade de conservação da região, que é produtora de águas. A resposta positiva à iniciativa tem provocado, inclusive, a implementação de unidades de referência em algumas propriedades. “Essas unidades poderão demonstrar a outros agricultores como a produção agrícola pode ser complementar à conservação ambiental, o que pode gerar ainda mais renda porque as propriedades podem estabelecer um organismo agrícola mais sustentável”, conclui Ribeiro.

Francisco Rocha, esposo de Maria Cristina, destaca outro ponto em que o Projeto beneficia os participantes. “O agricultor costuma trabalhar muito isolado, e criar uma rede entre os participantes é muito positivo”, conta ele. “Através do projeto, criamos vínculos com os demais beneficiários. Graças às oficinas, que têm sido um espaço de aprendizado extremamente rico para nós, estamos tornando realidade o nosso sonho de implantar a agricultura biodinâmica.

“Conseguimos instalar uma agrofloresta e estamos vendo o desenvolvimento dela. Em um curto espaço de tempo a nossa área está se modificando de maneira muito importante”, declara a proprietária Maria Cristina, que conclui dizendo que “o projeto foi um divisor de águas na minha propriedade”.

Abundância boa mesmo é quando beneficia a todos

A campanha Divino Alimento resolve vários problemas com uma cesta só: educar a população para a importância da alimentação orgânica na manutenção da saúde; promover e fortalecer a agricultura agroecológica; ampliar o olhar para a produção agrícola local como uma potencialidade, que pode gerar oportunidades de trabalho e renda e, finalmente mas não menos importante, distribuir cestas de alimentos frescos e saudáveis às famílias cadastradas no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS).

Os alimentos comprados dos agricultores agroecológicos e orgânicos do município de São Luiz do Paraitinga e região, por meio de recursos arrecadados na campanha, simbolizam a importância de produzir e distribuir abundância para quem precisa.

Daniela Coura, organizadora da campanha, conta que a Divino Alimento – alimento de todo mundo foi tão bem recebida que, ao invés de terminar em julho, como inicialmente planejado, irá continuar por mais um ano. O plano é tornar a iniciativa, fruto da parceria da Akarui, Projeto Conexão Mata Atlântica, Prefeitura Municipal de São Luiz do Paraitinga, Programa de Desenvolvimento Rural Territorial, Suzano Celulose e Papel e Associação Biodinâmica (ABD), permanente, como um programa contínuo de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) em São Luiz do Paraitinga. Afinal, como ela faz questão de dizer, “alimento saudável é alimento de todo mundo”.

Foto: acervo pessoal Gerson de Oliveira Bezerra